22 de junho de 2025

Domingo em Junho


 
 Uma nova frente fria chegou. Me sinto em desespero, fraca, cansada. Queria desaparecer. São muitas emoções de uma só vez; é uma avalanche que me consome. O problema é que já não tenho muito mais do que ser consumido. Não sei como lidar com a vida; com os problemas, com as aflições. Minha válvula de escape é bloquear tudo com que não sei lidar; não sinto, não transmito, não compactuo. Mas então, quando já não caibo mais em mim, transbordo em milhares de pedaços; estilhaço-me em fragmentos descontínuos. Descontrolo-me e o mundo não faz sentido; e a vida não faz sentido; e eu não faço sentido. Queria esquecer-me de tudo, me livrar de todos esses sentimentos amargurados, desconexos. Queria chorar por horas, com soluços e torrentes d’água. Não consigo, as lágrimas não descem, o grito não sai. Não sei onde pertenço, tudo é estranho, supérfluo, insensato. Não me compreendo, não me reconheço, não me gosto. Não consigo ver o porquê do caminho, das ações. Acredito que o objetivo não compensa. O tempo nublado não ajuda: me entristece, me guarda em mim. Me sinto presa por minhas próprias amarras e pensamentos. Confusão é o que me adjetiva. Queria colo, reconhecimento, compreensão, porém corro e me escondo quando há possibilidade. Creio que não mereço. Por que me sinto assim? Onde foi que me transformei nesse aglomerado de insensibilidades? – Eu realmente estou extremamente cansada. Sinto minhas forças se esvaindo gota a gota. A vida hoje me parece desnecessária e cansativa. Me encontro desconectada da existência de uma maneira geral. O mundo não me agrada, não me comove, não me motiva. E eu mesma não me ajudo. Vivo no automático, sempre em frente sem observar os detalhes. É tudo não mal vivido que não me recordo de muita coisa; o viver passar batido; o existir é silencioso e opaco. Remoo as minhas incertezas até que elas se aumentam em tamanho e importância. Que jeito triste de existir. Já não sei o que escrevo, os pensamentos estão se entrelaçando e perdendo o fluxo de sentido. Ainda confusa, entretanto mais calma. Pelo menos na superfície a água agora é lenta. Sei que nas profundezas há um turbilhão de emoções não compreendidas, que há uma correnteza forte e assustadora me que leva cada vez mais fundo, mas por agora flutuo, pairo, vago em ilusória calmaria.

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